Prazer é presença: o que muda quando você para de perseguir orgasmos

Durante décadas, fomos ensinadas a acreditar que sexo é uma linha reta com destino único: o orgasmo.
Na maturidade, essa expectativa se torna uma armadilha. Em vez de abrir espaço para o corpo, ela gera frustração, ansiedade e cobrança silenciosa.

O peso da performance
Quando o orgasmo vira meta, o corpo entra em modo de performance.
A mente passa a monitorar cada gesto: “estou perto?”, “vou conseguir?”.
Esse estado ativa o sistema nervoso de alerta — exatamente o oposto do relaxamento necessário para que o prazer floresça.

Quando o orgasmo sai do centro
Ao tirar o orgasmo do pedestal, um campo inteiro de sensações se abre.
Pequenas percepções revelam sua potência:

  • A textura da pele sob os dedos.
  • O calor subindo devagar pela espinha.
  • A respiração que se encontra.
  • O conforto inesperado de um abraço inteiro.

Na pós-menopausa, muitas mulheres descobrem que esse caminho é até mais rico do que a antiga obsessão pelo destino final.

Presença é prática
Estar presente não é um dom, é uma habilidade que se treina.
É a prática de trazer de volta a atenção ao corpo sempre que a mente foge para cobranças ou comparações.
Quando a atenção retorna, o corpo relaxa, os receptores de prazer se abrem — e novas formas de orgasmo podem surgir.

Expansão: orgasmos múltiplos, corpos múltiplos
Não se trata de renunciar ao orgasmo, mas de expandir o que entendemos por ele.
O corpo humano tem potencial para mais de dez tipos diferentes de orgasmo, ativados por distintas ramificações nervosas. Pesquisas de Barry Komisaruk mostram, por exemplo, que mulheres paraplégicas podem experimentar orgasmos profundos estimulando o colo do útero — prova de que o prazer não se limita a um circuito único.
Descobertas recentes sobre o clitóris revelam que ele é muito maior do que se pensava há 25 anos, com ramificações internas que ampliam ainda mais a cartografia erógena.
E ao falarmos de Tema Erótico Central, conceito desenvolvido por Jack Morin, percebemos que o prazer é também narrativo, contextual, psicológico, e não apenas físico.
Na prática, isso significa: em vez de procurar sempre o mesmo orgasmo, do mesmo jeito, por que não abrir espaço para o inesperado?
O prazer pode estar na pele, nos pés, nas mãos, nas narinas, nos olhos. Pode estar em todo o corpo.

Prazer como direito
A Organização Mundial da Saúde reconhece o prazer como um direito humano fundamental.
Não existe vida sem prazer: desde os primeiros anos, o corpo já sabe buscá-lo na boca, nas mãos, nos pés, nos genitais, nos olhos, na pele.
O prazer não é um luxo da juventude — é uma função vital, que se transforma e se reinventa ao longo da vida.

Referências citadas:

Barry Komisaruk — The Science of Orgasm (2006)

Jack Morin — The Erotic Mind (1995) — Tema Erótico Central

Odile Buisson & Pierre Foldès — estudos sobre a anatomia do clitóris

Nan Wise — Why Good Sex Matters (2020)

Lori Brotto — Better Sex Through Mindfulness (2018)

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Foto de Cristiana Bolli

Cristiana Bolli

Especialista em neuroplasticidade aplicada ao corpo feminino, com mais de uma década de estudo e prática clínica, Cristiana criou uma abordagem que integra saúde hormonal, escuta somática e vitalidade sensorial.

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Cristiana Bolli

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