Muitas mulheres percebem que o desejo sexual espontâneo — aquele que surge sem aviso, como um impulso súbito — simplesmente desaparece na perimenopausa e na pós-menopausa.
Não é escolha, não é falta de interesse, não é “descuido”. É uma consequência direta do colapso sensorial que acompanha essa fase da vida.
A Dra. Mary Claire Haver, em The Galveston Diet for Menopause, mostra que a redução de estrogênio e progesterona altera a função dopaminérgica no cérebro, diminuindo a sensação de recompensa associada ao toque e ao estímulo sexual. “Não é falta de desejo”, diz Haver. “É uma mudança fisiológica que reduz a capacidade do corpo de sentir prazer de forma espontânea.”
Jen Gunter, autora de The Menopause Manifesto, reforça: não é apenas físico. O cérebro, que integra estímulo, expectativa e resposta emocional, já não reage da mesma forma. Resultado: a mente pode até querer, mas o corpo não acompanha.
Amanda Thebe, em Menopocalypse, observa que práticas físicas e técnicas de ativação sensorial ajudam a reativar esses circuitos. Mas o objetivo não é “forçar o desejo”. É ensinar o corpo a responder de novo, no seu tempo, ao estímulo certo.
Louise Newson explica que a terapia hormonal pode devolver parte da sensorialidade, mas esse processo é gradual e individual.
E qual é a boa notícia?
O desejo espontâneo pode desaparecer, mas o desejo responsivo continua funcionando — e muitas vezes, até melhor do que antes. Em outras palavras: se antes o corpo se excitava “do nada”, agora ele precisa de um convite. Quando esse convite vem — um toque, um olhar, uma presença —, o corpo responde. E uma vez respondendo, ele pode ir mais longe, com mais consistência e até com mais prazer.
Esse tema do desejo responsivo merece um artigo inteiro, mas aqui fica o essencial: com técnicas neurosensoriais e neuroprotetivas, é possível treinar o corpo para responder cada vez mais rápido e de forma mais precisa ao que você gosta. O que parecia perdido volta a fluir.
Reconhecer isso permite estratégias conscientes para reconectar corpo e prazer.
Referências bibliográficas:
Mary Claire Haver, The Galveston Diet for Menopause — sobre impacto hormonal no cérebro e na sensação de recompensa.
Jen Gunter, The Menopause Manifesto — como desejo, dor e resposta sexual mudam na transição hormonal.
Amanda Thebe, Menopocalypse — abordagens de saúde e sensorialidade para mulheres na maturidade.
Louise Newson, The Definitive Guide to the Perimenopause and Menopause — reposição hormonal e recuperação da vitalidade.
Lisa Mosconi, The Menopause Brain — ciência atual sobre cérebro feminino, hormônios e neuroplasticidade.
Especialista em neuroplasticidade aplicada ao corpo feminino, com mais de uma década de estudo e prática clínica, Cristiana criou uma abordagem que integra saúde hormonal, escuta somática e vitalidade sensorial.
Especialista em neuroplasticidade aplicada ao corpo feminino, com mais de uma década de estudo e prática clínica, Cristiana criou uma abordagem que integra saúde hormonal, escuta somática e vitalidade sensorial.