Colapso sensorial na menopausa: o sintoma que ninguém nomeia

Quando se fala em menopausa, os holofotes quase sempre recaem sobre ondas de calor, insônia, alterações de humor e secura vaginal. Mas existe um sintoma invisível, raramente citado até em consultórios médicos, que atravessa silenciosamente a vida de muitas mulheres: o colapso sensorial.
Esse termo descreve não apenas a queda da libido ou do desejo, mas um desconforto mais profundo: a alteração da percepção do corpo e das sensações. A mulher se olha no espelho e não se reconhece. O toque chega, mas não ecoa. O prazer parece ter sido reduzido ao mínimo.

O hábito de sentir menos
Esse colapso não acontece de um dia para o outro. Ele é resultado de anos de treinamento silencioso do sistema nervoso para sentir cada vez menos.
Desde cedo, aprendemos a dar mais atenção à dor do que ao prazer.

Reclamamos de uma noite mal dormida, de uma dor nas costas, de um incômodo qualquer. Mas raramente dizemos em voz alta: “Hoje acordei me sentindo maravilhosa”, ou “Olhei meu braço no espelho e achei lindo”.
O que é bom fica escondido. O que é doloroso, a gente engrandece.

Esse hábito de somatizar o negativo e descartar o positivo molda a forma como o corpo responde. Não é surpresa, portanto, que ao chegar no climatério, ao desencadear a transição para a menopausa e para a maturidade, aquilo que antes era prazeroso se apaga. O corpo, já treinado a sentir menos, entra nesse novo ciclo mais vulnerável, e os sinais do colapso sensorial se tornam evidentes.

O corpo estressado
Quando falamos em queda de estrogênio ou testosterona, é fácil imaginar que se trata apenas de pele fina ou perda de colágeno. Mas o impacto é mais profundo. As terminações nervosas estão estressadas. O sistema está cheio de microbloqueios, como pequenos nós que encurtam a comunicação entre pele e cérebro.
Não é que a sensualidade desapareceu. É que o corpo foi treinado a não sentir nada de bom. E, em estado de estresse, ele se protege reduzindo a percepção — menos dor, menos prazer, menos resposta.
A boa notícia é que isso não é definitivo. Assim como foi treinado a sentir menos, o sistema nervoso pode ser reeducado a sentir mais. Mas não pela força, não pelo “apertar ainda mais”, não pela busca compulsiva de intensidade. É pela regulação, pela calma, por práticas neuroprotetoras que diluem esses bloqueios e reacendem rotas esquecidas.

Reaprender o que o corpo já sabe
Não se trata de aprender algo novo. Trata-se de reatar com algo que sempre esteve lá. O corpo nunca perdeu a capacidade de sentir. Ele apenas desligou os circuitos como forma de proteção.
O meu método parte exatamente dessa premissa: não há pressão, não há exigência de performance. É um reaprender, suave e progressivo, que reacende o que já está nas células. Cada gesto, cada micro-sensação, cada pausa vira uma oportunidade de reconstruir o mapa do prazer.
O colapso sensorial não é falha, não é desinteresse, não é desamor. É um fenômeno fisiológico e cultural, reforçado por anos de hábito. Nomear é o primeiro passo para quebrar esse silêncio. Reconhecer é abrir espaço para que o corpo volte a fazer o que sabe de melhor: sentir.

Referências citadas:

Rosemary Basson — Using a Different Model for Female Sexual Response (2001)

Ellen Bass — Ce corps qui m’appartient (2011)

Nan Wise — Why Good Sex Matters (2020)

Norman Doidge — O Cérebro que se Transforma (2007)

Caffyn Jesse — Body to Brain

Baixe o Guia Sensorial gratuito

Foto de Cristiana Bolli

Cristiana Bolli

Especialista em neuroplasticidade aplicada ao corpo feminino, com mais de uma década de estudo e prática clínica, Cristiana criou uma abordagem que integra saúde hormonal, escuta somática e vitalidade sensorial.

Foto de Cristiana Bolli

Cristiana Bolli

Especialista em neuroplasticidade aplicada ao corpo feminino, com mais de uma década de estudo e prática clínica, Cristiana criou uma abordagem que integra saúde hormonal, escuta somática e vitalidade sensorial.

© Cristiana Bolli 2025 - Feito com amor por Ekanu NeuroMarketing.Lab. Todos os direitos reservados.