É comum que a intimidade após os 45, 50 ou 60 anos seja explicada apenas pelos hormônios. Mas a ciência mostra que há algo tão decisivo quanto: a neuroplasticidade.
O corpo na perimenopausa, na menopausa e na pós-menopausa não está “quebrado”. Ele continua capaz de aprender novas rotas de prazer, de toque e de conexão. O que muda é que os caminhos antigos já não funcionam da mesma forma.
Durante a transição hormonal e na maturidade, muitas mulheres relatam que gestos íntimos antes excitantes parecem neutros. Isso acontece porque a queda de estrogênio afeta pele, mucosas e condução nervosa. Mas também porque o cérebro reorganiza suas conexões.
Essa reorganização não significa ausência definitiva. Significa adaptação — e é nesse ponto que a intimidade pode se renovar.
A neuroplasticidade é a capacidade do cérebro de criar novas conexões a partir de estímulos consistentes. Foi estudada em casos extremos — como acidentes neurológicos, dor crônica e traumas — e hoje é reconhecida também na vida cotidiana. O que a pesquisa demonstrou nesses contextos serve para explicar porque a intimidade na maturidade continua viva: porque o corpo pode reaprender.
Há uma diferença essencial entre relações vividas na insegurança e relações vividas na segurança.
Quando a intimidade é guiada pelo roteiro cultural da performance, o foco é dopamínico: busca-se um pico, uma urgência, um desfecho. Essa lógica cria ansiedade e insegurança, porque depende de cumprir um script e alcançar uma recompensa final.
Já na intimidade sustentada pela segurança, não existe roteiro fixo. Há a intenção de estar junto, explorar, descobrir. Nesse contexto, o corpo libera mais hormônios de satisfação — como serotonina e ocitocina — que favorecem bem-estar, vínculo e curiosidade. Essa é a base neuroprotetiva que torna possível viver a intimidade sem pressão, com espaço real para prazer.
Na maturidade, a intimidade se torna menos sobre etapas a cumprir e mais sobre disponibilidade. A neuroplasticidade garante que o corpo continue capaz de aprender, reorganizar caminhos e sustentar experiências novas. Isso transforma a forma de se relacionar com o toque, com o tempo e com o outro.
Referências Bibliográficas
Lisa Mosconi, The Menopause Brain (2024) — cérebro, hormônios e suas implicações para desejo, humor e sensorialidade.
Norman Doidge, O cérebro que se transforma (2007) — estudos de neuroplasticidade e reaprendizado em adultos.
International School of Sexological Bodyworkers (ISSB) — práticas somáticas para reeducação sensorial e intimidade consciente.
Esther Perel, Erotic Intelligence — reflexões sobre conexão e vitalidade em fases de transição.
Especialista em neuroplasticidade aplicada ao corpo feminino, com mais de uma década de estudo e prática clínica, Cristiana criou uma abordagem que integra saúde hormonal, escuta somática e vitalidade sensorial.
Especialista em neuroplasticidade aplicada ao corpo feminino, com mais de uma década de estudo e prática clínica, Cristiana criou uma abordagem que integra saúde hormonal, escuta somática e vitalidade sensorial.