Não sinto mais vontade, mas não é que eu não queira. É como se o desejo estivesse escondido em algum lugar do meu corpo e eu não soubesse como acessá-lo.”
Esse relato descreve o que muitas mulheres na peri e pós-menopausa experimentam: um desejo que não some, mas deixa de ser automático.
O que acontece é simples e pouco explicado: o desejo espontâneo — aquele que surgia sem aviso, sem gatilho — tende a se reduzir. Em contrapartida, o desejo responsivo continua vivo. Ele aparece quando há estímulo, tempo e espaço. É uma adaptação fisiológica e sensorial, não uma falha pessoal.
Mas existe um ponto raramente dito: prazer também é hábito.
Muitas pessoas se habituam a se tocar sempre do mesmo jeito — às vezes por 20, 30 anos — como se só existisse um caminho para chegar ao prazer. E se perguntam por que, de repente, esse caminho não funciona mais. A resposta é simples: porque o corpo mudou.
Você descobriu seu “mapa erótico” talvez aos 15, 20 anos. Só que hoje você tem 50. E ainda tenta seguir o mesmo roteiro. Isso é como usar um mapa velho para andar em uma cidade que já mudou completamente. O corpo amadurece, e o prazer precisa ser explorado de novo.
A maturidade traz justamente essa oportunidade: refazer a pesquisa erótica, investigar cada centímetro da pele com outro olhar, buscar novas rotas de excitação e presença. É aí que prazer deixa de ser piloto automático e se torna observação, curiosidade, brincadeira.
O desejo não desapareceu: ele está suspenso, esperando condições diferentes. E quando você se dá a chance de atualizar o hábito, de sair do roteiro antigo, encontra não só prazer, mas uma intimidade mais justa, presente e viva.
Se você sente que está vivendo com um mapa antigo e quer descobrir novas formas de prazer, saiba que existem caminhos possíveis, estruturados e seguros, que respeitam o seu corpo e o seu ritmo. Aqui no site você encontra informação de qualidade — e pode conversar comigo sem tabu.
Referências citadas:
Lisa Mosconi, The Menopause Brain (2024) — cérebro feminino, hormônios e desejo.
Rosemary Basson, Women’s Sexual Desire: Disordered or Misunderstood? (2005) — modelos alternativos de resposta sexual feminina.
Kelly Casperson, It’s Not Your Libido (2024) — desejo feminino e adaptação fisiológica.
Esther Perel, Inteligência Erótica (2007) — sobre desejo em relações longas.
Emily Nagoski, Come As You Are (2015) — hábito, estímulo e resposta no prazer feminino.
Especialista em neuroplasticidade aplicada ao corpo feminino, com mais de uma década de estudo e prática clínica, Cristiana criou uma abordagem que integra saúde hormonal, escuta somática e vitalidade sensorial.
Especialista em neuroplasticidade aplicada ao corpo feminino, com mais de uma década de estudo e prática clínica, Cristiana criou uma abordagem que integra saúde hormonal, escuta somática e vitalidade sensorial.